Uma boa história incomoda muito mais

A literatura é uma coisa fantástica. Hoje eu queria falar sobre essa força com vocês, a de uma boa história escrita. E de como ela é melhor do que qualquer outra tentativa de dizer ao outro o que ele deve fazer.

As experiências que vivo quando leio uma boa história me modificam constantemente. Os livros que leio hoje e me comovem são os que me ajudam a tomar minhas melhores decisões. Até quando escrevo as minhas próprias histórias há mudanças profundas em mim.

Semana, quando minha mãe me enviou uma carta escrita pelo meu pai há 30 anos, me lembrei de uma outra história com ele. Foi então que escrevi duas crônicas com essas duas histórias, a da carta e a da outra memória. Meus leitores passearam comigo, foram viver minhas histórias e as suas próprias a partir das que eu contei. Lembraram de suas próprias famílias, das cartas que trocavam também…

Porque as histórias ampliam a nossa experiência no mundo, nos dão novas perspectivas, nos mudam de cenários, de pessoas, de pensamentos, nos convidam a viajar. E isso, para mim, tem mais força do que um texto com uma lista de coisas que você deva fazer para viver melhor.

Eu não quero estimular uma competição aqui entre formas de textos, pois são todas possíveis. Mas gostaria de fazer essa reflexão sobre a força de uma boa história, para que você, quando for escrever, contar histórias. Mas quais? As suas, a partir da sua vivência, suas experiências no mundo. As que só você pode contar.

Essa é a escrita de si, tão falada hoje em dia. Mas essa também é a escrita bonita da literatura, especialmente da crônica, esse gênero literário que abre espaço para que o leitor viva com a gente as nossas experiências.

O que mais aprendi com a literatura tem a ver com o valor de uma boa escrita. E histórias não são tópicos nem listas do que o seu leitor deva fazer. São convites para que ele experimente outras vivências e se lembre das suas próprias histórias.

Boas histórias acendem as nossas memórias. Já repararam?

Então, como começar a escrever assim? Usando as memórias, lembrando-se de alguma história que você tenha vivido e que mereça ir para o papel.

Por onde começar? Escrevendo sobre si, sem receio de estar certa ou errada, de ficar exposta ou não. Escrever não é se expor. Mas expor o texto.

Depois, use a história anterior como uma isca para se lembrar de outra. Minha dica é não parar de colocar no papel suas lembranças. É assim que hoje digo que vai me faltar tempo de vida para escrever tudo que ainda tenho para escrever. São memórias demais para colocar no papel.

Divirta-se com as suas. É a minha torcida. Para que a gente leia cada vez mais histórias por aí.

Comece com “Ontem eu encontrei com o...” ou “Hoje eu queria estar em...”. Comece indo.

…

Dica 1 - Escreva histórias

Evite as listas, não caia na armadilha de dizer ao outro o que ele deve fazer. Histórias convencem mais

Dica 2 - Simplifique

Na hora de escrever, escreva uma história só. Não misture com outra. Cada história é um texto

Dica 3 - Lembre-se dos detalhes

Malhe o cérebro. Mergulhe nas memórias e exercite suas lembranças buscando mais detalhes da história.

Dica 4 - Incremente com literatura

Os recursos de linguagem melhoram o texto. Use as figuras de linguagem para ampliar a história

Para destravar, aprender e poetizar

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Para escrever sobre si

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