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Se errar, tanto faz



Tem uma coisa fundamental na escrita, mas que não dá para ensinar: o erro.


O erro é subjetivo. Não há o que eu possa dizer que vá te fazer errar como só você pode errar. Mas sei que os erros são mais importantes que os acertos para quem quer escrever melhor. Pouca gente quer errar.


Na escrita, muita gente quer o certo e o sucesso, que são o contrário de um texto literário. Pouca gente quer investir tempo na experimentação e no erro. O problema é que não há originalidade sem a experimentação.


Na literatura — e, consequentemente, em qualquer texto — o erro é o caminho certo. É a construção da subjetividade, tão importante para a originalidade. Na vida, aprendemos sobre a a alegria depois que conhecemos a tristeza. Entendemos a vida quando lidamos com a morte...


Na escrita, aprendemos a acertar errando. Fomos tão educados a querer o sucesso, que o fracasso ficou pesado demais. Mas se tem uma coisa que aprendi sobre criatividade na escrita é que o sucesso é um fracasso. E o fracasso vale ouro. Meus textos mais interessantes vieram dos deslizes.


Um dia, quando acordei cansado de escrever poesia com a palavra amor, comecei a escrever sobre isso: Hoje eu não vou escrever sobre o amor...

... Vou trocar a palavra amor por bolo. E em vez de dizer que te amo, eu te bolo até explodir. Mas a verdade é que eu te amo tanto que eu me embolo todo.


Lembrei que amo bolo e substituí a palavra amor por outra coisa que amo. E criei o Eu te bolo até explodir. Curtir uma frase estranha, abraçar uma ideia diferente, é característica elementar para a escrita original, mas também para as descobertas de si na escrita, dos gostos e desgostos. Consequentemente, fundamental ao desenvolvimento da identidade.


Hoje, por topar errar* na escrita, tenho mais clareza sobre meu estilo, da importância da síntese no meu texto, do meu interesse em jogar com as palavras. Minha ideia aqui é essa: que você erre. Tenha sempre um caderno de rascunhos por perto. E, nele, permita-se escrever as besteiras que vierem à mente.


O caderno é o seu laboratório. Provoque explosões misturando elementos perigosos. E lembre-se: não há perigo algum. O maior risco que você corre é o de dar certo. E deus me livre de passar a vida assim, escrevendo certinho.


Ou como disse um poeta do sertão: "Se errar, tanto faz".


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Travessia para escritores, em março


Em março, no dia 25, começa a nova turma da Balsa, meu curso extenso para quem tem o desejo pela escrita. A partir de análise de 6 autoras contemporâneas, vamos navegar por textos, obras e caminhos, com o objetivo de clarear nossa jornada com as palavras. Vamos falar de elementos, de estilos e formas para nossos textos. Um curso de 6 semanas, com grupo de discussões e guiança do Luca Brandão. Uma viagem para desenvolver seu estilo e encontrar um caminho mais original para sua escrita. Saiba mais aqui e reserve seu lugar na 2a turma da Balsa

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