top of page
Buscar

Repetir repetir... E nunca mais repetir-se




"Repetir repetir — até ficar diferente.

Repetir é um dom do estilo."

— Manoel de Barros


Só quem escreve muito sabe disso na prática. É na repetição que a gente desenvolve estilo. É repetindo e repetindo que a gente lapida a escrita autoral, eliminando o que não é nosso e carregando para todo texto a nossa marca.


Repetir até ficar diferente, até se distinguir dos outros, até se aproximar tanto de si, que esse centro, essa essência, se torne impossível de ser copiado. Pois é um centro único, pois somos seres únicos. .


Nos afastamos da escrita original cada vez que não escrevemos e escrevemos. Cada vez que só copiamos e copiamos. Ou que adiamos e adiamos a escrita no nosso dia a dia.


Escrever é um dos atos mais poderosos que fazemos para a nossa identificação nesse mundo cheio de conteúdos. É um ato de aproximação consigo mesma(o), seja da escrita em si, mas também da pessoa em si.


Repetir e repetir até ficar diferente do outro.

Até ficar evidente seu estilo.


Escrevo há 25 anos. E quanto mais aniversário de escrita eu faço, mais distante eu fico do que escrevia há 25 anos. Mas, ao mesmo tempo, mais próximo de mim eu me sinto também. Escrever escrever até ficar eu mesmo.


Já estou me repetindo aqui. Eu tinha pensado em terminar esse texto fazendo uma nova reflexão, mas vou encerrar como comecei, me repetindo com Manoel de Barros, pois é nessa boa repetição que encontraremos nosso centro.


"Repetir repetir — até ficar diferente.

Repetir é um dom do estilo."

— Manoel de Barros

bottom of page