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Não adianta procurar na internet


É difícil acertar o tempo da rega de uma planta.


Quando comecei a cultivar minhas plantas no meu apartamento, recorri bastante à internet para descobrir “de quanto em quanto tempo devo regar minha planta”. A internet está cheia de dicas de jardinagens, de adubos, de regas para cada planta específica.


Mas nenhuma para as minhas plantas.


Nenhuma para as plantas que estão no décimo primeiro andar do edifício da rua Barata Ribeiro, no Bela Vista em São Paulo. E muito menos para as plantas que estão na varanda deste apartamento, no ponto onde o sol bate das 9h37 às 11h43, quando é final de inverno. E menos para quando o tempo fecha. E menos quando venta. Porque se chove e se venta, são outras plantas.


Comecei a cuidar das plantas com essas dicas que ficam disponíveis a todos na web. Mas logo vi que não funcionavam para as minhas. No começo, elas ficavam encharcadas com o tanto de água que me recomendavam. Depois, ficavam secas demais quando eu passava a colocar menos água. Demorei a encontrar o ponto de equilíbrio. E não só o ponto da rega das plantas, mas de cada planta, pois eu tenho uma diversidade delas no meu jardim, que exige cuidados diferentes. Notei isso quando matei minha primeira samambaia. Ela não podia tanta água quanto a pintadinha, apesar de precisar de água quase sempre. Eu também matei um cacto assim, com muita água.


Foi aí que aprendi que leva tempo para se saber qual é a rega de cada planta. Cada uma te ensina isso de um jeito diferente.


Tem a planta que se desanima quando falta água. A minha arvorezinha mais antiga, a de pintas amarelas, me dá sinais bem claros sobre a seca. Quando está com sede, ela se desanima, fica com as folhas caídas, como se diminuísse seu ânimo para poupar energia. Um estado de desânimo puro. Esse é o sinal. Então eu rego, e não demora uma hora para que as folhas se animem outra vez. Ela é a que mais pede água.


Foi com ela que comecei a acertar o tempo das outras. Ela era a referência para mais ou menos água. A jabuticabeira bebe um pouco menos de água que a pintadinha. E fica igualmente amuada quando está com sede. Depois para de crescer. Aliás, ela é a que mais cresce, é uma jabuticabeira criança, que quando precisa de água, faz birra até eu regá-la.


Tenho uma costela de adão que quase morreu. Era frondosa quando a trouxe para minha casa, com muitas folhas grandes. Com o tempo, foi perdendo força, sacrificando folha por folha, até eu perceber que havia coisa errada. Tudo que pesquisei na internet não funcionou. Mudei-a de lugar, coloquei a costela perto da sacada, com mais de luz do Sol. Agora, o único caule que sobreviveu deu cinco novas folhas. Parece que deu certo.


Não adianta procurar na internet. Foi isso que aprendi com as minhas plantas, que se eu quiser que elas vivam bem, vou ter que cuidar de cada uma, com paciência, olhos atentos e tempo.


Aliás, tem gente que costuma procurar na internet “De quanto em quanto tempo devo regar um amor?”. Não adianta procurar. Cada amor tem sua rega.


E a depender do amor, tem planta que não se salva nem com pouco ou muita rega.

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